Mandinho segundo Juarez Fonseca (2013)

"MANDINHO", A OBRA-PRIMA
DE LEANDRO MAIA
@ Show de lançamento do disco para crianças de todas as idades será apresentado neste sábado, no Teatro Renascença, integrando a programação do 20º Porto Alegre Em Cena. 20 horas, ingressos 20 e 40 reais. Imperdível. Nas fotos, Leandro e Gonçalo (by Maria Falkembach) e a capa do CD.

JUAREZ FONSECA

►Já começo dizendo que este álbum é uma obra-prima. Artista de fina sensibilidade, em “Mandinho” Leandro consegue algo raro: praticamente desfaz as fronteiras entre os mundos infantil e adulto. É para ser um disco para crianças, com espírito de criança, mas como não há concessões ao que se costuma ouvir na maioria dos discos infantis, nem nos textos nem no tratamento musical sofisticado, vale para todos os públicos. Leandro chamou uma turma da pesada para brincar com ele e outras crianças, de André Mehmari (que piano!) a Thiago Colombo (que violão!), passando por Simone Rasslan (voz), Kako Xavier (voz, tambores), Fábio Mentz (fagote), Neymar Dias (viola caipira), Mimmo Ferreira (percussões), Álvaro RosaCosta (voz), Paulo Gaiger (voz), Miguel Tejera (baixo), Paulinho Cardoso (acordeão), Sérgio Olivé (gaita escocesa), Luke Faro (bateria), Rogério Constante (sax), Edu Pacheco (percussão), o trio costa-riquenho Dionísio Antillon, Max Guevara e Daniel Ulate (vozes e uivos). Leandro se multiplica nas ótimas interpretações e em vários instrumentos, entre eles brinquedos. A viagem do Mandinho (sinônimo de piá, guri, menino) começa com a voz da menina Lígia Constante em “Pintinhos da Galinha Japonesa”, canção sobre uns pintinhos de olhos puxados que apareceram no pátio da escola e ficaram surpresos por não estarem em Tóquio. O refrão é um primor: “Não sei, nissei/ Não sei, nissei/ Mas, ó, vê se toma cuidado/ O gato chinês ta de olho em vocês”. “Samba da Páscoa” é um samba-enredo cuja letra inclui do povo hebreu à caravela de Cabral. A linda “Bem Capaz” fala de amores não correspondidos entre índios, negros e brancos, até que... uma rapariga “deixou de briga e então engravidou”. “Leite da Mamãe” é um baião sobre a delícia desse “produto” – e tem uma versão frevo, instrumental, com o título de “Todo Mundo Mama”. "Nada a Temer” é uma canção de ninar em ritmo de zamba. “Pé na Areia” mistura forró e milonga. Com diferentes versões em espanhol e português, a encantadora “Vals del Coyote/Valsa do Coiote" (de Max Guevara) conta a história de um coiote que comeu um vagalume e passou a emitir um facho de luz quando uiva. “Não Consigo Segurar” é uma insólita e divertida cruza de marcha carnavalesca e música cigana do Leste europeu. “Cacunda” parece uma chacarera meio afro e tem a voz de Gonçalo, filhote de Leandro (“Na cacunda eu vejo o mundo/ Na cacunda do meu pai/ De cacunda vem, de cacunda vai”). Exceto onde mencionado, todas as músicas são de Leandro, três em parceria com Maria Falchembach e duas com Thiago Colombo. Os arranjos vocais e instrumentais são maravilhosos. O que mais posso dizer é que a audição do disco deixa no ouvinte uma sensação de felicidade. Obrigado, Leandro e amigos.
► Mandinho foi financiado pelo ProCultura da prefeitura de Pelotas, cidade onde Leandro Maia é professor da UFPel. Você pode baixar o álbum de graça e obter mais informações sobre ele e o compositor em www.mandinho.com.br. Também à venda em formato físico com distribuição da Tratore.